10 de novembro de 2010

Teu silêncio

Teus cabelos, meus dedos: deslize perfeito. Era uma brincadeira de esconde-esconde e em ti eu me encontrava. Quantas vezes meu passatempo não fora contar tuas incurssões respiratórias?! Quando dormias em meu colo, minha preocupação era se eu fazia parte dos teus sonhos. Mas tua voz, teu timbre, ah, esses acabavam comigo! Queria acordar-te, ouvir-te... Teu silêncio era meu castigo e meu pódio.

O único som audível nesse momento era o eco da minha mente. O mundo lá fora em fúria e eu como um personagem absurdo com um turbilhão de indagações girando ao redor de si. E depois eu via a cena, tu me chamando de louco, só porque diria que meu maior medo era que tu fosses acordada pelos meus pensamentos. Precisava calar meu silêncio e destiná-lo a ti.

Teus olhos fechados ali eram a explicação para os teoremas da minha vida, eu encontrava todas as respostas procuradas. Minhas incertezas e inseguranças, todas elas sumiam diante das tuas pálpebras. E meu desejo era dizer de uma vez tudo isso, de dizer o que sinto e que tua voz é igual canto de sereia pra mim. Mas já era tarde, nessa hora tu já terias arrastado-me para o mar de teus anseios e eu estava destinado a ser hipnotizado e morrer asfixiado pelo nosso amor.

2 comentários:

Anônimo disse...

devias acordar e dizer qualquer frase boba. Aposto que um beijo na testa também seria uma boa idéia.

Eduardo Trindade disse...

O texto todo é um silêncio ensurdecedor, mas o narrador trai sua insegurança já no título, ao creditar todo o silêncio à pessoa amada.
Lindas cartas deve escrever quem devaneia assim...
Abraços, guria!

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